Probabilidade não se aprende "ao acaso"
    Para iniciar, vamos 
considerar algumas hipóteses. 
- Ao início de um jogo, o juiz tira "cara ou coroa" para definir o time que 
 ficará com a bola ou o lado do campo;
- Uma mulher espera o nascimento de uma criança mas não sabe o sexo.
- Toda semana, milhares de pessoas arriscam a sorte na loteria.
    Problemas como estes são, hoje, o objeto de estudo das 
probabilidades. Embora as apostas e os jogos sejam paixões antigas da 
humanidade, somente no século XVII que os estudiosos começaram a pesquisar as 
questões relacionadas a eles. Os matemáticos franceses Pierre de Fermat (1601 a 
1665) e Blaise Pascal (1623 a 1992) foram os primeiros a estudar de maneira 
organizada o tema. Com esses estudos, desenvolveu-se uma verdadeira teoria dos 
jogos que seria posteriormente imprescindível ao progresso da Física Quântica e 
das modernas teorias sobre o Caos.
    Como não podemos prever o resultado de algo que irá 
acontecer, podemos descobrir as possibilidades.
    A Teoria da Probabilidade é o ramo que procura medir ou 
determinar quantitativamente a possibilidade de que um acontecimento ou 
experiência produza determinado resultado.
Experimento 
Aleatório
    É aquele experimento que quando repetido em iguais condições, podem 
fornecer resultados diferentes, ou seja, são resultados explicados ao acaso. 
Quando se fala de tempo e possibilidades de ganho na loteria, a abordagem 
envolve cálculo de experimento aleatório.
Um experimento apresenta as seguintes características fundamentais:
- É possível conhecer previamente o conjunto dos resultados possíveis;
- Não é possível prever o resultado;
- Podem repetir-se várias vezes nas mesmas condições.
Espaço Amostral
    É o conjunto de todos os resultados possíveis de um 
experimento aleatório. A letra que representa o espaço amostral, é S ou  .
.
Evento
    É qualquer subconjunto do espaço amostral. Diremos que o 
evento se realizou quando, na realização de um experimento aleatório, o 
resultado obtido pertencer a esse subconjunto.
Exemplo:
    Considere o experimento aleatório de lançar um dado e 
anotar o resultado. O espaço amostral deste 
experimento é:
| 
 | 
    Todos os subconjuntos formados 
a partir desse conjunto são chamados eventos. 
    Assim, por exemplo, o conjunto {2, 4, 6} é um subconjunto 
do nosso espaço amostral. Que pode ser identificado por "ocorrer um número par 
no lançamento de um dado".
Suponhamos que, tendo lançado o dado, o resultado foi 2.
    Se o evento dado foi "números pares" = {2, 4, 6}, 
podemos dizer que o evento ocorreu? Será que se o evento = {5, 6} ele ocorre?
    Como podemos constatar, o número 2 aparece entre 
os elementos do subconjunto dos números pares = {2, 4, 6}. Por isso, dizemos que 
o evento foi par.
    Ao contrário, do segundo evento = {5, 6}, onde 2 não se 
encontra.
Tipos de Eventos
    Evento Certo: É o 
próprio espaço amostral.
Exemplo: evento A – ocorrência de um número menor 
que 8
A = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
   Evento Impossível: É o 
subconjunto vazio do espaço amostral.
Exemplo: evento B - ocorrência de um número 
maior que 10
B =

    Evento União: 
É a reunião de dois eventos.
Exemplos: evento A – ocorrência de um número impar
Þ E = {1, 3, 5}
evento B – ocorrência de um número par primo
Þ B = {2}
evento A È B – ocorrência de um 
número impar ou de um número par primo Þ A
È B = {1, 2, 3, 5}
Evento Intersecção: É a 
intersecção de dois eventos.
Exemplos: evento A – ocorrência de um número par
Þ A = {2, 4, 6}
evento B – ocorrência de um número múltiplo de 4
Þ B = {4}
evento A Ç B – ocorrência de um 
número par e múltiplo de 4 Þ 
A Ç B = {4}
Eventos mutuamente exclusivos:
São aqueles que têm conjuntos disjuntos.
Exemplos: evento D – ocorrência de um número par
Þ D = {2, 4, 6}
evento E – ocorrência de um número impar 
Þ E = {1, 3, 5}
D Ç E =

Eventos complementares: 
são dois eventos A e A’ tais que:
A È A’ = È 
(o evento união é o próprio espaço amostral)
A Ç A’ =  (o evento intersecção é
 (o evento intersecção é 
o conjunto vazio)
Exemplos: evento A – ocorrência de número par
Þ A = {2, 4, 6}
evento A’ – ocorrência de número ímpar Þ 
A’ = {1, 3, 5}
Observe que: A È A’ =
È = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
A Ç A’ =
Experiência
Complementar
   Também pode nos interessar o cálculo da probabilidade de uma experiência 
composta, ou seja, a realização de dois ou mais experimentos aleatórios simples.
    Nesses casos, a freqüência relativa esperada para cada 
resultado possível do experimento é obtida a partir do produto das freqüências 
relativas esperadas de cada elemento que compõe o referido resultado.
Exemplo:
    Temos uma moeda e duas caixas cheias de bolas coloridas. 
Na caixa A temos duas bolas vermelhas e 
cinco pretas, enquanto na B há quatro 
bolas vermelhas e uma bola azul. 
    Imagine a seguinte experiência composta: lançamos uma 
moeda; se der "cara", extraímos uma bola da caixa A; 
e se der "coroa", uma bola da caixa B. 
    Em seguida, vamos representar por um diagrama em árvore 
os resultados possíveis da experiência composta. 
    Vamos Indicar também as freqüências relativas esperadas 
para cada experiência parcial. 
    Como observamos no esquema da figura anterior, o espaço 
amostral é:
 
 
= {(cara, vermelha), (cara, preta), (coroa, vermelha), (coroa, azul)}
    O objetivo é definir uma probabilidade para o conjunto , que
, que 
representa os resultados possíveis da experiência composta. 
    A relação de freqüência é obtida atribuindo-se a cada resultado o produto 
das freqüências relativas esperadas, que aparecem em cada ramo completo do 
diagrama em árvore da figura. Desta maneira, comprovamos que a relação de 
freqüência, neste caso, é a seguinte: 
    Agora podemos calcular a probabilidade de qualquer evento dessa 
experiência composta.
Regra de Laplace
A Regra de Laplace é considerada a definição clássica de 
probabilidade. Para que essa definição de probabilidade seja válida, devem-se 
cumprir os seguintes requisitos:
- O espaço amostral S tem p elementos.
Assim, S = {a1, a2, ..., ap}
- Os eventos elementares são: {a1}, {a2}, ..., {ap}. 
 O espaço amostral S é eqüiprovável.
P ({a1}) = P ({a2}) = ... = P ({ap})
- O evento A tem f elementos. Para ocorrer o evento A, 
 o resultado deve ser algum desses f elementos, que são os casos
 favoráveis.
    Nesses casos, o cálculo da probabilidade de um evento 
qualquer é realizado pela seguinte expressão:
    Uma vez que o número de casos favoráveis coincide com o 
número de elementos do evento, e o número de casos possíveis corresponde ao 
número de elementos do espaço amostral, podemos escrever:
    Assim, no exemplo do lançamento de um dado, se o evento A consiste 
em obter o número 5, a quantidade de casos favoráveis será 1, pois 
num dado não viciado só existe um número 5, e a quatidade de casos 
possíveis é 6, portanto o espaço amostral é:
 =
 = 
{1,2,3,4,5,6}
Assim, a probabilidade do evento A será: P(A) = 1/6
    Quando dizemos que a probabilidade do evento A é 1/6, isto 
não significa que, se jogarmos o dado seis vezes, em uma delas sairá, com toda a 
certeza, o número 5. Pode ser que o número 5 não saia nenhuma vez, 
ou ele pode sair mais de uma vez. 
    A probabilidade 1/6 indica apenas que, se repetirmos esse 
experimento um número muito grande de vezes, o evento A vai ocorrer em 
aproximadamente 1/6 do total de jogadas. 
Exemplo:
    Observe a roleta da figura abaixo e pense na 
probabilidade existente de saída para cada número. 
a) Qual a probabilidade de cada evento elementar?
1/8.P({1}) = 1/8.P({2}) = 1/8.P({4}) = 1/8.P({5}) = 1/8.P({6}) 
  = 1/8.P({7}) = 2/8 P({3})
b) Qual a probabilidade de o número ser par?
P({2,4,6}) = 3/8
    
OBS.: 
Se quiséssemos obter esta, ou qualquer outra resposta de algum problema de 
probabiliadade em porcentagem, basta fazermos uma regra de três, ou então 
efetuar a divisão da fração obtida e multiplicar o resultado por 100.
    No caso acima, onde a resposta deu 3/8, para termos isto em 
porcentagem:
3/8 = 0,375 * 100 = 37,5
Tente fazer:
1) Qual é a probabilidade de, ao retirar ao 
acaso uma carta de um baralho de 52 cartas, obter:
a) uma carta de copas?
b) um ás?
c) um ás de copas?
d) uma carta com naipe vermelho?
e) um "três" vermelho?
RESPOSTAS:
a) 25%
b) 7,7%
c) 1,9%
d) 50%
e) 3,8%
Distribuição Binomial
    Diz-se que uma variável real x é aleatória se os 
valores de x dependem do acaso. Por isso, uma variável 
aleatória sempre aparece ligada a um experimento aleatório. Sendo S o 
espaço amostral de um experimento aleatório e P uma probabilidade 
definida em P(S), chama-se variável aleatória a toda função:
X: S  R
 R
    Isto é verdadeiro para toda função que atribua a cada evento elementar do 
espaço amostral um número Real. 
    De acordo com a notação matemática, costuma-se 
representar a variável aleatória por uma letra maiúscula, geralmente X,
Y ou Z, e os diferentes valores da variável X, como x1,
x2, ..., xn. 
    Se o conjunto imagem X(S) é finito, trata-se de 
uma variável aleatória discreta. Se, ao contrário, o conjunto imagem X(S) 
é um intervalo, será uma variável aleatória contínua. 
    Consideremos, agora, um tipo de experimento aleatório em 
que só se obtém dois resultados: a um chamamos de sucesso, com uma probabilidade
p; ao seu complementar, denominamos fracasso, com uma probabilidade 
q = 1 – p.
Exemplo:
1) Ao passar por um teste de 10 questões, Marcos, que não 
havia se preparado para a avaliação, assinala qualquer das 5 alternativas de 
cada teste. Qual a probabilidade de o rapaz acertar 6 questões? 
    Inicialmente sabemos que a probabilidade de ele acertar 
um teste é 1/5, isto porque há uma alternativa correta para cada uma das 
alternativas. Assim, a probabilidade de ele errar será de 1–1/5 = 4/5. 
    Para obtermos a probabilidade de Marcos acertar 6 e errar 
4 questões, falta ainda considerar que ele pode acertar 6 de qualquer um dos 10 
testes. 
    Matematicamente, essa consideração se traduz na 
combinação de 10 elementos, tomados 6 a 6. 
    Assim, a probabilidade de Marcos acertar 6 dos 10 testes 
será dada pela expressão:
2) Imaginemos agora que, ao lançarmos um dado, possamos 
chamar de sucesso caso saia o número 5 e de fracasso caso saia qualquer outro 
número. 
    Se essa experiência aleatória for repetida n 
vezes, sempre nas mesmas condições e com lançamentos independentes uns dos 
outros, a variável aleatória que queremos estudar será o número total de 
sucessos obtidos ao final da experiência. 
    Portanto, a probabilidade p de obtermos x 
sucessos no total de n repetições será dada pela seguinte expressão: 
 
    Observe que a expressão matemática de p(x) é a de 
um termo do desenvolvimento do Binômio de Newton; neste caso, para a potência 
    (p + q)n. 
    Por isto, a distribuição de probabilidades estudada 
recebe o nome de distribuição binomial. 
Tente fazer:
1) Um casal pretende ter 4 filhos e quer 
saber qual é a probabilidade de nascerem:
a) 4 meninos;
b) 3 meninos e 1 menina;
c) 2 meninos e 2 meninas;
d) 1 menino e 3 meninas;
e) 4 meninas
RESPOSTAS:
a) 1/16
b) 1/4
c) 3/8
d) 1/4
e) 1/16
 
 
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